segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

FELICIDADE



Nos últimos dias, tenho conversado com a felicidade e tenho percebido o quanto ela é grande e eficaz na ação. Porém, tenho também notado que ela precisa encontrar morada, normalmente está por aí, todo tempo, mas sem lugar pra se fazer. Ainda conversando com ela, escutei algo que me assustou. Ela me disse assim: - Estão me vendendo nas feiras da vida. Estão dizendo que sou eu, quando na verdade são eles. - Confesso que não imaginei tamanho absurdo, mas depois ela continuou a dizer: - Acreditam que eu posso ser de qualquer jeito, que eu apoio qualquer modo fácil de expressão da vida, que eu sou muitos, quando na verdade sou só uma.- Foi complicado pra mim entender, mas vi que a felicidade também estava triste. Estão buscando um jeito certo de fazer o errado e ainda querem apoio. Eu por exemplo, nessa experiência de dialogar com a felicidade, me dei conta, de que minhas tristezas, minhas dores, só aconteceram porque aluguei a casa do meu coração para pessoas que nunca foram felizes e, por isso, mancharam em mim, o que um dia foi tão limpo. Aproveitei então esse encontro com a felicidade e perguntei o que ela precisaria para morar em mim. Ela me olhou, de um jeito único e respondeu minha pergunta com outra pergunta: - você quer ser feliz? - Obviamente que respondi que sim. Então ela continuou a dizer: - Então só dê ouvidos a mim, só permita que eu vos diga como fazer. Não coloque sua esperança naquilo que possa perder. Abre a porta que eu vou entrar. Possa ser que alguns ajustes ainda sejam feitos, afinal, vou ter que expulsar muitos da casa do seu coração. Mas teremos uma eternidade juntos. - Pôxa, fiquei feliz de mais da conta. E deixei ela entrar. Vi que a tristeza chorou, que a angústia apertou, mas só sabe o que é alegria quem já provou da dor. Não tem como ser feliz em cima da felicidade dos outros, mas partilhando com o s outros. Aquilo que vive escondido, na escuridão, é mal... Vou espalhar felicidade, porque foi assim que ela até minha história chegou. Alguém não desistiu. Alguém acreditou para que ela chegasse até aqui. Felicidade verdadeira... Te apresento: JESUS!

Bruno - Fundador da obra

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

LÁGRIMAS



"Aqueles que semeiam com lágrimas,
com cantos de alegria colherão" - Sl 126,5
Nos últimos dias tenho me surpreendido comigo mesmo, com o quanto as vezes percebo-me com medo ou vergonha de permitir que minhas lágrimas ganhem os caminhos de minha face. Acredito que humanamente somos ensinados a pensar que as lágrimas revelam fraqueza, mas isso é lamentável, pois descobri que elas também representam força, principalmente para aqueles que a derramam corretamente. E você deve está se perguntando: - Existe um jeito certo de chorar? - Eu respondo: Sim, há uma forma correta. Ao lado daqueles que valorizarão e com carinho as enxugarão. Chorei, e quando deixei que aquela água me regasse em vez de me afogar, pude ver uma semente brotar, uma cura, uma chance, um suspiro da alma, pois enxerguei Deus, mesmo com os olhos cheios, lacrimejando. Era uma opção, eu tinha que escolher, ou me deixava abalar com a enchente que acontecia em minha vida, com a correnteza que saia de meus olhos, ou entenderia que na verdade era uma forma de expulsar e levar pra longe o que ao meu coração maltratava. As lágrimas purificam e santificam, se você e eu chorarmos como os santos... Com fé, com força e voltados para a Deus. Com esperança, também com dor, mas abraçando e beijando a cruz. Não esqueça que até mesmo Jesus chorou (Jo 11, 35), e dessa forma, após suas lágrimas, um milagre Ele realizou, a quem amava muito, ressuscitou. A morte de Lázaro foi motivo para que Jesus chorasse, então, também precisamos chorar para em seguida ressuscitarmos daquilo que nos matou. Lágrima é porta, é fuga, é chance. Precisamos enxergar melhor a hora em que estamos no pranto, segurar na mão de quem já chorou e soube dar um bom significado a essa hora. Quero por tanto nessa partilha escrita, dizer que já chorei muito, porém, agora é que sei chorar. Volto tudo que tenho, toda intenção, ao Senhor... Oferto, entrego e peço que me ajude a continuar. Rezo para chorar corretamente, com lágrimas que me lavem e não que tornam-se lama em minha vida. Lágrimas que caem porque sou humano, mas que também revelam que estou numa luta. Quero poder saber chorar quando necessário, para bem celebrar o sorriso, o motivo da vitória, para entender. Não desejo a dor pra ninguém, mas se existe uma dor meus irmãos, chorem para que Jesus veja, colha suas lágrimas e te ajude a caminhar. Um forte abraço! Deus abençoe a cada um que ler esse texto. Permaneçam no Santo Amor.

Bruno - Fundador da MCÁgape

segunda-feira, 9 de julho de 2012

SANTIDADE: Vida e Missão


Santidade é vocação de todos os cristãos, sem exceção. A redescoberta da Igreja como um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, não pode deixar de implicar um reencontro com sua santidade, entendida no seu sentido fundamental de pertença àquele que é o Santo por antonomásia, o três vezes Santo (cf. Is 6,3). Professar a Igreja como santa significa apontar o seu rosto de Esposa de Cristo, que a amou entregando-se por ela precisamente para santificá-la (cf. Ef 5,25-26). Este dom de santidade é oferecido a cada batizado. Mas, o dom gera um dever, que há de moldar a existência cristã inteira: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3). É um compromisso que diz respeito aos cristãos de qualquer estado ou ordem, chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Significa exprimir a convicção de que, se o Batismo é um ingresso na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre (cf. Novo Millenio ineunte 30-31).A formação da cultura dos povos é marcada positivamente pela presença da Igreja e por homens e mulheres que se elevam pelo seu comportamento e suas opções de vida, mostrando que efetivamente é possível sair da rotina do “mais ou menos”, para ser daqueles que confirmam que uma alma que se eleva, eleva o mundo. Tenho descoberto esta santidade em homens e mulheres que a testemunham na fidelidade ao Evangelho, na coerência de suas opções e na estatura com que enfrentam as dificuldades da vida. Há que abrir os olhos e descobrir tais pessoas, vendo-as como provocação positiva ao risco de acomodamento que nos cerca continuamente.A Igreja reconhece publicamente a santidade, com o que chama “beatificação” e “canonização”. Hoje o Brasil já conta com diversas pessoas assim reconhecidas, entre cristãos leigos, religiosos ou sacerdotes, crianças, jovens e adultos, confessores da fé e mártires. São homens e mulheres cuja santidade heroica merece ser posta diante dos olhos do mundo. Não nos envergonhemos de dizer que os cristãos têm para oferecer ao mundo o que existe de melhor em humanidade. Não nos furtemos à responsabilidade de superar as falhas humanas existentes com a virtude comprovada e testemunhada. Nosso tempo tem direito a receber dos cristãos a oferta da santidade. Ao reconhecer que o mistério da iniquidade se encontra presente no meio do mundo e também entre os cristãos, continue como referência a medida alta da santidade!No período em que nos encontramos, chamado pela Igreja de “tempo comum”, as verdades do Evangelho são mostradas a todos pelo testemunho dos santos e santas que se consagraram a Cristo e são sinais luminosos de luta e de perfeição, além de reconhecidos como valorosos intercessores para aqueles que acreditam “na comunhão dos santos”, como dizemos na profissão de Fé. E, como sempre acontece, os santos de maior devoção geraram cultura e hábitos na sociedade. Multiplicam-se as festas patronais em nossa região, muitas pessoas retornam a sua terra natal para as férias que se aproximam e para se alimentarem de legítimas e positivas tradições religiosas que contribuem para que se tome consciência de que não nos inventamos a nós mesmos, mas somos tributários de uma magnífica herança, como tocha da grande olimpíada da vida a ser mantida acesa e passada às sucessivas gerações. São conhecidos de forma especial os santos do mês de junho, Santo Antônio, São João Batista e São Pedro. São figuras que geraram cultura popular entre nós.Ponho em relevo, de modo especial, a figura de São João Batista, cujo nome, vida e missão são reconhecidos pela tarefa que a Providência divina lhe confiou, como Precursor da chegada do Messias, aquele que mostrou presente o Salvador do mundo, pregador da penitência, capaz de abrir nos corações humanos a estrada, para que chegasse aquele “que tira os pecados do mundo”, como foi por ele mesmo apresentado (cf. Jo 1,29).Um dia, Jesus recebeu emissários de João Batista, com a pergunta sobre sua identidade de Messias. De fato, João se revelou sempre radical em suas escolhas e profundamente honesto em seu desejo de fidelidade à missão recebida. Mandou-lhe a magnífica resposta: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são curados, surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa-Nova. E feliz de quem não se escandaliza a meu respeito!” (Mt 14,4-5). Às multidões de ontem e de hoje Jesus fala sobre João Batista: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Olhai, os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais do que profeta. Este é de quem está escrito: Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho diante de ti (Mt 14, 7-10).Viver para servir, ser honestos na procura da verdade e coerentes no comportamento! Com exemplos de tal quilate descobrimos o quanto é bom viver para servir e amar. A vida e missão de João Batista, unidas à sua oração fervorosa, nos façam acolher as verdadeiras alegrias vindas do Salvador e nossos passos se dirijam no caminho da salvação e da paz.


 Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém/PA
Assessor eclesiástico da RCCBRASIL